– Crônicas e Críticas; Humor e Acidez; Idéias Espinafradas por Tiago Xavier

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POEMA SILENCIOSO

Poema Silencioso (Tiago Xavier)

berro

Imagem de Gonçalo Pena http://goncalopena2.blogspot.com.br/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um grito agudo, adormecido
Há tanto tempo
Hoje está mudo, desolado
Vive no escuro, soterrado
Um grito mudo em estado bruto.

Quase um sussurro.

Abafado no esforço diário
De contentar-se com o silêncio
Um berro preso, engasgado
Há tempos presidiário
Sinfonia dos mais íntimos segredos…


Dia da Poesia

Dia da Poesia (Tiago Xavier – 14/03/2012)

Obra Eros, da minha amiga Beti Timm (Nanquim)

14 de março
quem diria ?
é dia da poesia.

No dia do verso
exerço
de forma perniciosa
uma prosa
que superestima a rima.
um canto de amor à Erato
de fato
a mais romântica das nove meninas.


Poema do Adeus

Poema do Adeus (Tiago Xavier – 12/02/2012)

Obra da minha amiga Beti Timm

Sim.
Fostes expelida.
Defenestrada.
Como berne, em processo de cura epidérmica.
Como verme – ancilostomíase, helmintíase…
Na verdade,
está mais pra platelminto, tamanha a chatice.

Se terias chances?
Ah, se ao menos fosse calipígia…
poderia até considerar…

Insisto no Platelminto !


Espinafre Lírico – Insônia

INSÔNIA (Tiago Xavier)

Insônia, sua maldita
Me larga
Sai da minha cama
minha alma conclama !

Não quero mais
uma noite infinita
Me deixa
Vá dormir
Tira uma pestana
minha alma conclama !


Espinafre Lírico – Lágrimas

LÁGRIMAS (Tiago Xavier)

Não tenho nada pra lhe falar
Eu não consigo enxugar sua lágrima
Quero olhar e depois contar
A ligação que parece-me exótica
Mas mesmo assim posso me render
a um papo bobo que não rendeu
E além de tudo quero esquecer
Aquilo que houve entre você e eu.

Tão elevado era o seu amor
Tão rebaixada era sua lógica
Sem a razão você sente a dor
De um faminto que nunca faz mágica.

Mágica talvez, qualquer sonhador
procurando gentileza onde só há dor.
Amor sem lógica, amor sem medida
Entregue e rendida.
Nos braços doces daquele que te amou
Hoje procuro ida sem volta.
Amor sem rancor
Não tenho palavras para acalentar
Esse amor que se foi
O que posso fazer então?
Buscar entre outras mil palavras,
a velha ilusão
de enxugar
as tuas lágrimas.


Espinafre Lírico – Saiote

O discurso de um velho pároco

condena à morte o amor entre iguais:

– Pecado moral! São uns anormais!

 

No entanto, ao subir o pano

um rapazote com a boca no cano

do sacerdote.

Até a epiglote

faz festa sob a batina.

 

A hipocrisia veste o saiote

Que cobre as vergonhas do velho padreco.

Mas homem de saia não é traveco?

 


Espinafre Lírico – Deusa de Vênus

O poema abaixo foi escrito em 04/11/2002 e chama-se Deusa de Vênus:
Sai de fininho
se encosta no monte
de vênus.

Bem de mansinho sai da cama
não ganha bônus
não há mais prêmio.

Ganha um beijo
consolação
expande o desejo.

A voz é rouca
trêmula
no tremular
dos corpos em Vênus.

Sai de mansinho
entra quietinho
se encosta no monte
de vênus.

Paira no espaço
joga de lado
cores quentes
beijos ardentes.

Cores mortas
fecham-se as pernas
abrem-se as portas
na velha ode
a Deusa de Vênus.


Espinafre Lírico – Bom Dia

O poema abaixo foi escrito em 28/12/2006 e chama-se Bom Dia:

Passou por ela e disse – Bom Dia!
Sentiu-se forte, atraente
Quando a moça, num suave quente
Respondeu-lhe com certa eufonia.
Não que de si viesse cortesia
O seu desejo de um dia bom
Para a tal moça que ali jazia
Era o anseio de ouvir que alguém
Lhe desejava um belo dia.

Espinafre Lírico – Três Corações

Inauguro aqui no blog a sessão Espinafre Lírico, onde postarei alguns poemas de minha autoria. O poema abaixo foi escrito em 2003 e chama-se Três Corações:

Um coração que não limita-se a amar
Um outro único, quer mais, talvez um par
Perde os sentidos se um dos dois não suportar
Que ele visite outros peitos a se inundar.
Em duas paixões
Tão diferentes
Que acha em um
Tudo que noutro
Anda ausente
Ou não há nenhum dos elementos que ele tanto anda a buscar
E não se importa se um dos dois se magoar.

A carne não suportaria o surgimento
Deste ciúme, das vaidades, complemento
E o coração volta a escolher apenas um
Aquele que melhor couber num bem comum.